Duas mulheres, duas vidas, as mesmas origens , a mesma familia, a mesma aldeia sempre a aldeia...
E elas.
Maria tem seis filhos. A outra quatro. Quarta classe à pressa que não havia vagar nem escola para mais . Os trabalhos de casa acabados debaixo do castanheiro a apanhar as castanhas mais grossas que caiam para os outros não as levarem. A faina do campo antes de ir para a escola, as brincadeiras era subir a ladeira carregadas com os cestos ou tomar conta de algum irmão mais novo ou ir levar a merenda aos homens ou ir à Guarda a pé, para poupar no dinheiro do comboio. Ou cozer pão no forno da aldeia ou ir lavar a roupa ao rio ou as entranhas do porco, para sustento do ano.
Domésticas ? São Mulheres de rua, andaram ao sol e ao vento, ao frio e à chuva. Trabalharam ao lado dos maridos, produziram tanto ou mais do que eles e criaram os filhos e trataram da casa . E lavaram e passaram e vestiram remedaram cozinharam, levaram os filhos à vacina e ao posto por montes e vales até ao apeadeiro mais próximo que nesse tempo não havia carros. E daqueles rostos sai sempre um sorriso, uma doce candura, nunca uma injúria uma imprecação um mau agoiro. Os filhos cresceram estudaram fora quase todos têm uma licenciatura, começam a aparecer os netos. E todos voltam para passar o fim de semana, as férias, o natal, para se sentarem à roda da lareira junto da saia da mãe. E o sorriso surge sempre , vigoroso , enérgico mas sem grandes euforias, quando chegam quando partem sempre dispostas a acolhê-los como recebem mais um irmão ou sobrinho em qualquer momento. A mesma paz, a mesma ternura.
A mesma determinação e respeito com que acolhem outras formas de vida que não foram as suas , outras ideias, outras culturas, outras gerações que se foram infiltrando sinuosamente pelas estreitas ruas da aldeia e as levam para além do riacho, dos morros, das cercanias do castelo que outrora dominava a entrada do Povo.
12 comments:
Fiquei com saudades da minha avó que já partiu. Mas ela vivia em Lisboa, embora a vida também tenha sido bem dura.
Beijos.
Dia feliz MULHER!
Por aqui a vida foi e, em alguns casos, ainda é, igual ao viver daí.
Passa no meu canto e vê os rostos dessas Mulheres com M grande.
VIVA A MULHER PORTUGUESA!!
pandora
nas aldeias passava-se muita dificuldade, a vida era muito dura e muito poucas condições
mas compartilhava-se mais o que cada um tinha , havia e há entreajuda e as familias eram mais ligadas, em geral do que na cidade
Hoje as condições são outras, as pessoas puderam ir estudar, muitos tiraram cursos superiores e voltaram trazendo novos hábitos, novos rumos.
beijos par ti
david
obrigada pelos votos e pela visita
ana
aqui é apenas uma pequena aldeia, agora envelhecida onde alguns mais novos estão a voltar.
Estamos a tentar construir o Centro de Dia e já temos a funcionar o Apoio Domiciliário com serviço de refeições todos os dias , limpesa das casas e roupas dos utentes q necessitam, arranjo da lenha para o lume , pois muitos já nao têm forças para isso.
Já vou visitra-te. Beijinhos
Passei pelo seu espaço para felicitar-te o teu trabalho na pág.14 no meu amado livrinho "Que é o Amor?".
Parabéns.
Um abraço
do Pepe
ola , pepe
bom dia para ti e obrigada pelas palavras.
se quizeres ler po texto completo está no post do dia 17 de Setembro - para o livro teve de ser encortado, por motivos de paginação.
um beijo para ti
Acabei de ler o texto completo e confesso que além de estar muito bem escrito, comoveu-me imenso pela excelente narrativa.
Suspeito que esta história tenha algo a haver com alguém que te é muito próximo na família.
Mais uma vez os meus sinceros parabéns.
Um beijinho
do Pepe.
pepe
é uma história verdadeira e o avô e pai de que se fala era meu sogro.
um beijo para ti
Gosto desta aldeia.
Um beijo para ti, Mulher|
Gostei da pertinência do texto! Por vezes não temos bem a noção destes belos exemplos de vida que existem no Portugal profundo e que são de louvar, ou até mesmo seguir.
Bjo
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