Monday, March 12, 2007

NORMOSE....

Freud já dizia, no início do século, que nossos hábitos são o resultado de normas inconscientemente introjetadas. O que significa que agimos mais ou menos robotizados. Até certo ponto, isto representa uma economia de energia. Não dá para refletir sobre cada movimento que fazemos diariamente. Hábitos são resultado de consensos que, por sua vez, vão gerar normas – normas de vida, normas alimentares, normas de pensamento, normas políticas.
Só que nem todas as normas são boas. Existem aquelas que levam à doença, ao conflito, à morte. E aí é que a norma leva à normose , ou seja, uma doença mental para além da neurose e da psicose e que ainda não foi descoberta pela psiquiatria e talvez, por isso mesmo, ainda não tenha sido classificada pelo PIB.
Alguns exemplos de normose: o cigarrinho depois (ou antes) do cafezinho. Além de viril, o cigarro confere um ar de desenvoltura àquele que fuma. E o chopinho da sexta feira? Este é sagrado, não é? Não mata, mas pode dar uma barriguinha. E a caIpirinha? E o baseado? Não tem problema, todo mundo faz! Por que não? E depois, o que vão pensar de mim?
A normose leva a hábitos inconscientes perniciosos, como o hábito natural de comer arroz polido, pão branco, café, carne, açucar branco, ovos com hormomas, tranquilizantes, mania de remédios , som bem alto, etc., etc. A
normose na agricultura leva ao hábito dos agrotóxicos, das queimadas, da crença de que a fertilidade da terra é inesgotável; na educação, gera métodos de ensino que levam à produção de autômatos em série; na política, a prática normal da corrupção pela ausência natural de valores éticos; na relação entre os sexos, o machismo, que é a crença numa supostamente natural superioridade do homem sobre a mulher.
E, finalmente, a normose na ciência ( ficou por último, mas não por acaso), e que pode estar na base de uma crença generalizada na separatividade, que, sob a forma de dualismo, gera distorções básicas na percepção da realidade. Um exemplo disso é a exigência de “objetividade”, em teses e pesquisas do estudo acadêmico, que elimina a percepção singular do sujeito em favor daquilo que todos vêem no objeto. Como se isso fosse possível... mas, assim é o método científico. Onde está o sujeito que sente, percebe, opina, julga, escolhe? O cientificismo o descarta sumariamente...

E querem pior normose do que a que considera a vida descartável, a violência normal, o outro um objeto, as armas necessárias, a mulher um objeto sexual, a natureza explorável, etc, etc? Foi por pensar que “as guerras são inevitáveis” que surgiu a guerra justa, a guerra santa, as vitórias militares...
Fazendo uma brincadeira com as palavras, Pierre Weil indicou, na inflação de produtos no mercado, o estímulo à consumatose, que é a compulsão de comprar. A normose na educação via informática, submetida à consumatose, leva à informose. E não pára aí...
Será que teremos que inventar uma normoterapia para combater essa estranha doença de nosso século?

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